quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Leitura de fim de ano

Os leitores que aqui caem certamente já conhecem o sítio, mas não custa ajudar a divulgar, principalmente n esse período de fim de ano em que o responsável por este blogue aqui está atolado na busca de notícias para o jornal. A quem não conhece sugiro passear pelo Mundorama, mantido pela Universidade de Brasília.

E, no mesmo sítio, agora é possível ver, em PDF, os artigos da Revista Brasileira de Política Internacional. AQUI.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Rápidos apontamentos sobre a Cúpula do Mercosul

O Mercosul assina, finalmente, o primeiro acordo de livre comércio com país de for ado bloco, Israel. É uma medida importante, porque mostrou que é possível acomodar as demandas dos sócios menores por tratamento diferenciado, e acertar uma lista comum de ofertas e pedidos. O impacto econômico é e será muito epqueno, segundo acreditam os industriais brasileiros, que, porém, fizeram pressão pelo acordo devido à influente comunidademepresarial de origem judaica. Não há chances de realizar um acordo com os países árabes, que deveria acompanhar este com Israel. A indústria petroquímcia brasileira resiste violentamente, por temor dos planos dos países do Golfo no setor. O próximo é o acordo com a UE, que é unma incógnita.

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Chávez, à parte as diatribes de sempre contra os EUA, mostrou-se manso, manso. Evitou até dar suas tradicionais entrevistas de porta de prédio entre cotoveladas da imprensa. E nem mencionou os ultimatos que havia ado para a aprovação de sua adesão ao bloco, pelo contrário: fez loas ao Mercosul. O fato, que traduz também o humor do venezuelano depois da derrota de referendo à reforma constitucional e do escândalo da valise de dinheiro para a campanha de Cristina Kirchner, não teve o destaque na imprensa que costmam ter as atitudes de Chávez. Por que, hein?

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A denúncia do departamento de Justiça dos EUA, de que a mala levada por um empresário venezuelano a Buenos Aires era dinheiro de campanha para cristina Kirchner foi a pior notícia possível para os planos do Brasil no Mercosul. Põs Cristina, que planejava iniciar uma arremetida internacional, na defensiva, e, pior, amarrou-a a Chávez, contra um inimigo comum. Cristina, que estava se afastando do venezuelano, agora precisa andar muito perto dele, para encontrar uma saída do escãndalo que ameaça, no limite, até o próprio mandato.

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Continua o impasse do Mercosul em matéria de avanço na integração. Jogaram para o segundo semestre de 2008 a decisão mais importante em discussão no plano técnico, que é o fim da dupla cobrança da tarifa externa comum. No caminho contrário, prorrogaram-se até 2015 exceções no Paraguai para a tarifa externa comum, preservando distorções nõ que deveria ser uma política tarifária única. A imprensa noticiou mal a história, vamos ver o que houve.

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Lula fez mais um de seus discursos pouco ortodoxos em matéria de política externa. Dizer que as questões políticas devem sobrepôr-se à racionalidade emrpresarial, e que a Petrobras só fez acordo com a PDVSA e com a Bolívia porque ele mandou não é algo que vá fazer muito bem á imagem da emrpesa, com ações listadas em bolsas internacionais. Essas declarações ainda vão ser cobradas do governo. O Correio Braziiense de hoje fala em "voluntarismo", e a palavra foi dita por um acadêmico simpático à política externa e ao PT, Amado cervo, da UnB. O Estadão ainda não conmentou em editorial, mas duvido que perca a chance.

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Os países do Mercosul manifestaram apoio a Evo Morales, o que dá cacife aos governos para cobrar moderação do boliviano, na grave crise política do país. Mas, na Bolívia, nada é previsível, nem a imprevisibilidade. Isso fica para uma próxima postagem.

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O Uruguai deu pouca força ao próprio factóide, o tal desejo de acordo de livre comércio com os EUA. Troço cada vez mais ridículo, principalmente depois que umadas principais forças de apoio ao governo condenou veementemente, em Congresso, a idéia.

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A presidente da Argentina mostrou jogo de cintura, ao tratar muito bem o presidente do uruguai, aliás um gentleman que soube reagir com fleugma britânica ao discurso malcriado com que ela o saudou durante a posse. O Mercosul parece ter dois chefes de Estado capazes de tentar uma saída da crise em que se meteram.

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Notas rápidas, com pedido de desculpas aos leitores. Em breve, dou links para os temas tratados, e desenvolvo alguns. Fim de ano é fogo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O que andam bebendo os uruguaios?

O que você diria se fosse uma moça casada e seu marido reivindicasse uma alteração no contrato de casamento para pedir em namoro a Juliana Knust? É mais ou menos a sensação que os diplomatas brasileiros devem ter ao ouvir o Uruguai, pela tricentésima vez, pedindo mudança no Mercosul para poder firmar acordo de livre comércio com os Estados Unidos. A Juliana dificilmente olharia para seu marido, não é mesmo? Muito menos os americanos estão muito interessados em baixar as tarifas de importação para a carne, os vinhos e os tecidos urugaios.

Estivesse eu no vetusto Itamaraty, perguntaria aos uruguaios: que Estados Unidos, compañero? Aquele país que, no ano que vem, será governado por um presidente fraco em fim de mandato, que não consegue sequer aprovar no Congresso o acordo já firmado com seu aliado de fé na região, a Colômbia? Os Estados Unidos que têm forte chance de ter como presidente um democrata, partido com dois candidatos, Hillary Clinton e Barak Obama, contrários ao acordo com os colombianos?

O que o Uruguai faz é chantagem, e está lá no seu direito, quando a alfândega brasileira inventa moda para barrar água mineral uruguaia e a Argentina bloqueia pontes porque não quer investimentos em fárbicas de celulose no vizinho. Seria uma grande desmoralização para os atuais governos brasileiro e argentino, que tanto anunciam a integração sul-americana, assistir à saída do Uruguai do Mercosul. Seria também uma tarefa bem complicada ao uruguai convencer algum futuro parceiro num acordo comercial a fazer concessões importantes para ganhar acesso ao espetacular mercado consumidor uruguaio.

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A propósito da Hillary, que não apenas se opõe, ela bloqueia mesmo o acordo no Congresso, o Robert Haussman, ex-Banco Mundial, escreve coisas interessantes no blogue do Dani Rodrik, economista imperdível para quem acompanha comércio internacional. Para que lê em inglês, AQUI.

(É divertidíssimo acompanhar esse debate nos EUA: os democratas alegam que o bloqueio ao acordo com a Colômbia se deve apenas ao desrespeito aos direitos humanos no país. Há quem acredite. Mas nunca vi uma campanha dos democratas pelo respeito aos direitos humanos na Arábia Saudita, uma conhecida ditadura familiar.)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mercosul, só com encrencas

Escrevi há duas semanas na coluna do Valor um artigo que poderia republicar hoje, no primeiro dia da cúpula do Mercosul:


Liderança, protagonismo e relevância são coisas distintas. Isso vale para o movimentado continente sul-americano, onde o protagonismo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez captura as atenções e as palavras golpe e constituinte fazem uma bizarra parceria nas análises públicas sobre os acontecimentos nos países andinos. À América do Sul não faltam protagonistas e países de relevância, inclusive mundial. A grande questão é se há espaço para uma liderança continental. E para quê.


O comando da política externa brasileira mostrou relevância com o convite ao Brasil à conferência de Annapolis, tentativa histórica do já enfraquecido governo dos EUA de arrancar um acordo de paz entre palestinos e israelenses. Só a incompreensão sobre o jogo político internacional ou espírito de deboche oposicionista pode levar, como levou, alguns comentaristas brasileiros a ironizar essa participação, com o argumento de que o Brasil não consegue a paz nem entre os vizinhos e vai se meter numa encrenca milenar.

O convite a Annapolis mostra que o Brasil, com seu atual governo, é visto como interlocutor confiável, racional, capaz de contribuições úteis para as questões mundiais - algo que traz conseqüências positivas, para empresas e cidadãos brasileiros no exterior. Mas não é pura implicância a piada sobre a ação brasileira na bagunça sul-americana e o prestígio conferido pelos EUA.

Elogiado na imprensa internacional, o Brasil parece um espectador atarantado e reativo das complicações à volta, resultantes da grande contradição entre fatores nacionais, de política interna, e a tendência à integração crescente das sociedades, economias e cultura da região. Os negócios descobriram as vantagens de atravessar as fronteiras sul-americanas, e a imigração move milhares de pessoas atrás de oportunidades. Ao mesmo tempo, contingentes excluídos historicamente apóiam governos que prometem eliminar em poucos anos desigualdades de séculos.

Em poucos dias haverá, em Montevidéu, a reunião de cúpula do Mercosul, e a indigência da pauta para os presidentes contrasta com o volume de problemas no processo de integração do bloco. Não havia, até a semana passada, nenhuma decisão marcante a ser tomada.


O resto, AQUI.

E um complemento, AQUI.

Existe o risco de que a única notícia boa para o Mercosul seja a decisão de fazer um acordo de livre comércio com Israel, como se previa. Mas não é o que pensam as ONGs, que estão em campanha acirrada contra o acordo. O manifesto das ONGs está AQUI.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O Paraguai no Piauí


É uma pena, mas o sítio da revista Piauí (que nesta semana tem um imperdível ensaio fotográfico com máscaras do Saul Steinberg, também sem link na revista, mas fartas referências no tio Google) não tem chamada para a matéria muito bem realizada da Consuelo Diegues, contando o porquê e o como do favoritismo de Lino Oviedo para as eleições no paraguai, neste ano. É um alívio para o governo rbasileiro, que a essa altura deve preferir um autocrata amigo a um esquerdista encrenqueiro como prometia ser o bispo Fernando Lugo, que fez campanha defendendo a revisão do contrato de Itaipu e outras espetadas no Brasil.

A Consuelo, uma das melhores repórteres do país, faz um perfil do Oviedo, e conta como o estilo personalista e messiânico dele faz sucesso até hoje entre a massa paraguaia, que deve levá-lo de novo ao palácio do governo.

Ainda não será desta vez que o Paraguai caminhará para melhorar um pouco suas instituições, uma das causas principais do tristre atraso do país. Comprem a Piauí.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Por que caiu? Caiu por que?

O Maringoni, chavista e rompido com o comandante, dá boas explicações sobre o porquê da rejeição, na Venezuela, das reformas constitucionais que permitiriam ao Chávez perpetuar-se no poder. Para mim, Chávez cometeu um erro primário em política, o de querer mexer com muita coisa ao mesmo tenmpo, e atacar interessas de toda ordem, que se uniram e o derrotaram. A começar pelos espectadores de telenovelas, que perderam a diversão com a retirada da concessão da RCTV, e ganharam, em troca, uma tv oficial das piores do gênero.
Fala-se pouco no Brasil das mudanças quwe Chávez queria fazer no sistema sindical, acabando com o poder de sindicalistas em favor das assembléias populares. Claro que sua reforma foi bombardeada pelos líderes sindicais. Entre outros, Chávez não faria melhor, se quisesse convocar uma rede de pessoas para meter o pau nas reformas, em milhares de reuniões pelo país. O caso que criou com a Igreja Católica é um exemplo disso. Mas deixa o Maringoni falar:

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As brigas que Chávez comprou, algumas delas bem difíceis, também contribuíram. Criticar a Igreja Católica, às vésperas do referendo, foi muito danoso à sua imagem; todos sabem que a Igreja venezuelana é golpista, conservadora, mas chamar os bispos na TV de “vagabundos” provoca sentimentos no povo que são complicados. Ele começou a brigar com aqueles que, toda semana, estão no púlpito falando diretamente com seus fiéis.

A não-renovação da RCTV - que embora em mérito Chávez tenha sido corretíssimo ao não permitir a continuação das transmissões pela emissora - foi uma decisão tomada de maneira pouco pedagógica para a população. O presidente tinha a prerrogativa legal para não renovar a concessão, mas não foi feito um grande debate nacional sobre a democratização das comunicações, não foi criado um método para tornar tal fato uma questão de formação política, que informasse à população o que é um monopólio, a razão pela qual não deveria ser renovada a concessão da RCTV e qual a razão pela qual a rede não poderia participar de um golpe de Estado e continuar impune.
Fazer isso por um decreto é incômodo – como explicar para a população que ela não terá mais a sua novela? Além disso, a emissora colocada no ar é de muito baixa qualidade, é uma emissora oficial no pior sentido da palavra.

Essas batalhas foram complicadas. No caso da discussão com o rei da Espanha, Chávez estava certo, então não foi um problema. Porém, a briga com o presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, veio em péssima hora; Chávez caiu em uma armadilha. De qualquer maneira, Uribe iria romper o diálogo com as FARCs, e o presidente venezuelano foi até condescendente demais ao levar a questão adiante. Uribe esperou para terminar o diálogo exatamente antes do referendo, procurando desgastar a imagem de Chávez.

Avaliações de colegas venezuelanos também dão conta de problemas internos do governo, de ineficiência de serviços públicos, questões administrativas. O fato é que essa derrota de Chávez não é o fim do mundo, mas sim um alerta. O presidente desfruta de uma popularidade igual a que tinha durante as últimas eleições, de algo em torno de 60%. O que aconteceu foi um desligamento dos setores moderados ou para o “não” ou para a abstenção.

Setores da intelectualidade que estavam com Chávez se abstiveram. Raúl Baduel, que faz parte de um setor chavista presente em várias situações nas quais o presidente precisou de apoio, resolveu puxar o freio de mão. É certo que havia divergências entre os dois, mas Baduel não é um opositor histórico, não é um golpista e não pode ser tratado como um traidor.

Há também um tratamento ruim dado pelo governo em relação ao movimento estudantil. O combate que se fez quando começaram as mobilizações foi falar que os estudantes eram “peões do império”; claro que havia manipulação, que havia estudantes filiados a partidos de direita, mas à massa que estava nas ruas não pode ser dado o mesmo tratamento que é dado aos dirigentes, pois têm um descontentamento difuso.
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Tem mais, AQUI.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Ditadura pode ser democrática?

Chávez é um político autoritário, não há dúvida disso; e tem pretensões expansionistas para seu projeto bolivariano, issio ele mesmo anuncia. Tem pouco apreço pela propriedade privada, e métodos pouco democrátivcos de administração, além de incentivar a ação direta de militantes para imposição de suas idéias. Mas, apesar de tudo isso, tem respeitado certas regras do jogo, é um político de alguma inteligência, com noção do que significa recursos de poder. Tentou, dentro das regras, ampliar o poder que tem. Dançou feio neste fim de semana. Reclamou, com a verborragia que lhe é habitual, e acatou o resultado do referendo, que jogou no lixo a tentativa dele de ter reeleições indefinidamente no país.

Por tudo isso, os promotores da campanha para convencer o país de que a Venezuela vivia sob uma ditadura teriam de rever susas afirmações, e reconhecer que o panorama no país de Chávez é mais complexos do que indicavam as análises histéricas e maniqueístas vendidas na imprensa brasileira.

Muita gente continua Chávez é um ditador _ o único caso na história em que uma ditadura é derrotada e aceita a derrota (ainda que reclamando e fazendo ameaças retóricas). Para mim, essa acusação, depois do que aconteceu no fim de semana, tem um nome: dissonância cognitiva.

Eu estive umas vezes em Caracas, e sempre tive dificuldade de aceitar a acusação de ditadura ao governo de um país onde as livrarias exibem nas vitrinas livros e livros metendo o sarrafo no presidente eleito. E os jornais são vendidos com críticas severas ao governo, a oposição tem voz e voto. Chávez pode ser populaitsa. Pode ter vocação autoritária )_ como boa parte dos governadores do Nordeste brasileiro, não fosse o Brasil um opaís com instituições tão m ais sólidas, e imprensa tão mais crítica e moderada (perto do tipo de jornalismo que se pratica na Venezuela).

Isso deve servir, pelo menos, para que as pessaos se informem mais sobre o que acontece de verdade na Venezuela, já que Chávez entrou serelepe no universo das conversas de boteco.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Chávez, assunto incontornável

Hugo Chávez tem uma característica interessante, de coverter todo brasileiro com acvesso a jornais, blogues ou mesas de boteco em experto analista internacional, com opiniões sólidas sobre a América do Sul, a Venezuela e o Brasil, que, em geral, se resumem à idéia da política externa no continente como uma espécie de jogo de futebol, em que Lula e Chávez disputam a bola, e o venezuelano é um jogador catimbeiro e desleal, enquanto Lula um otário sem noção exata de como atuar na partida.
Como toda metáfora futebolística, essa idéia é torta, rasa e equivocada, mas faz um sucesso danado. Há uma histeria sobre o Chávez, e uma animosidade alimentada por notícias enviesadas que parecem narração de jogo feita por chefe de torcida organizada. Por isso fico quase eufórico quando vejo um texto bem escrito e noticioso sobre o assunto. Um artigo do Lourival Sant'anna, no Estadão de hoje, confirma minha tese de que não é preciso exagerar, nem torcer os fatos, para apontr os defeitos de Chávez. O que ele faz com sobriedade, e, para alívio de quem ainda acredita ser ´possível fazer jornalismo no país, com informação (ninguém é perfeito, falta ao material do Lourival manifestações de chavistas, com pontos de vista contrário; mas que, como eu, já tentou entrevistar pessoas no centralizado governo Chávez, sabe como essa tarefa é, na maioria das vezes, missão praticamente impossível, imagino que particularmente para um repórter do Estadão):


"O especialista em energia Elie Habalián é contundente no seu diagnóstico. “A equação petróleo-poder dá a Hugo Chávez uma projeção que jamais um governante teve na América Latina”, diz Habalián, que assessora o general Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa e hoje o principal adversário político de Chávez. “Ela o faz nadar como um peixe na água.”
...
Para manter essa máquina em movimento, é vital para o presidente que o preço do barril de petróleo não caia significativamente. Assim, além do cumprimento das cotas da Opep, Chávez tem interesse na manutenção das tensões no Oriente Médio, observam os analistas. Esse seria um dos motivos pelos quais ele se alia ao Irã, do presidente Mahmud Ahmadinejad, adversário dos Estados Unidos na região. A Rússia, outra exportadora de petróleo e gás, cujo presidente Vladimir Putin também tem tido conflitos com os EUA, é outro governante cotejado por Chávez. “Mas nem Putin nem Ahmadinejad querem realmente que o petróleo se mantenha no atual nível, porque sabem que isso pode conduzir o mundo a uma recessão, o que seria o fim deles”, ressalva Habalián. “Chávez não tem limites. É um aventureiro.”

No campo regional, o Brasil, com sua economia relativamente grande e até algum petróleo e gás, e o México, que detém 2% do petróleo do mundo, são os únicos países que podem conter o expansionismo de Chávez, diz Habalián. E parecem estar fazendo precisamente isso. “Sabemos que a confrontação verdadeira e muito silenciosa é entre o Brasil e Chávez”, afirma ele. “O Brasil ergueu um muro contra Chávez”, diz o analista político Alberto Garrido. "

Segue, AQUI.


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E, para chateação dos que consideram toda imprensa parte da midia golpista, a cobertura do Globo, à frentre a insuperável Janaína Figueiredo está muito boa. Nesse link AQUI, do clipping do Itamaraty (já que o Globo fecha asportas para não-assinantes) , as matérias estão mais abaixo. Recomendo a matéria do Galhardo, sobre a Bolívia, também.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Olhadela para o outro lado do mundo

"Zhou Lianchun queria se tornar um intelectual, mas problemas políticos e um casamento desastroso o empurraram para o mundo empresarial, onde ele se tornou razoalvemente bem-sucedido com uma fábrica de processamento de urina para retirada de enzimas (!). Guan Yongxing abandonou a perspectiva de uma boa carreira em Pequim para dedicar-se a um marido muito amado e também ascendeu socialmente. Wu Xiaoqing virou um respeitado professor na mesma universidade em que seus pais lecionaram, e onde foram assassinados na Revolução Cultural, desenvolvendo uma estranha e por vezes deprimente relação com o Partido Comunista. Song Liming envolveu-se com o movimento pela democracia e se exilou na Itália, onde se destacou como jornalista especializado numa das novas paixões chinesas – futebol. Ye Hao seguiu carreira no Partido, destacando-se como líder regional, reformador econômico e político corrupto."

Esse é o Maurício Santoro, umd e meus resenhistas favoritos, contando do livro do jornalista John Pomfret sobre a China, a partir de estudantes sobreviventes da Revolução Cultural, com quem freqüentou aulas no país, e que subiram à elite chinesa. Pela descrição do Santoro, o livro entra na minha lista de livros necessários. Mais detalhes AQUI.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

As armas de Chávez


Boa a reportagem de Veja, nesta semana, sobre o que querem os militares brasileiros. e um excelente repórter, o André Petry. Gosto da boa reportagem porque nos permite ver a raelidade para além das opiniões dos editores. Lendo os dados bem apurados do Petry, por exemplo, saí com forte impressão de que todo o discurso dos milicos sobre uma suposta corrida armamentista na Venezuela são lobby para comprar mais armas no Brasil.

Já ouvi, de general de quatro estrelas, que há um detalhe logístico importante e tranquilizador em relação a Chávez e à imaginada ameaça dele contra o Brasil. Em uma hora, um avião-caça na fronteira com o Brasil alcança Caracas, e pode fazer um bom estrago na capital venezuelana antes de ser intrerceptado. Em uma hora, um avião venezuelano que invada o Brasil chjega, no máximo, a Manaus. Onde está o aprque industrial da Zona Franca que, hoje, é um dos principais fornecediores de celulares e equipamentos domésticos à Venezuela.

Mas a matéria da Veja tem coisa bem mais interessante. Dois quadrinhos, feitos para dizer que o Brasil está ficando para trás em matéria de Forças Armadas, poderiam ilustrar de maneira subversiva o material da própria Veja sobre a Venezuela.

Eles mostram que em percentual do PIB gasto em despesas militares, a Venezuela está abaixo até dos brasileiros (que tem PIB muito maior), só acima da Argentina, numa lista de sete países sul-americanos. Derramam uma parcela maior de seu PIB em despesas militares o Equador (3,9%), o Chile (3,5%), a Colômbia (3,3%), a Bolívia (! 2,2%). O Brasil gasta 1,8% e a perigosa Venezuela, 1,7%.

O detalhe é que o PIB da Colômbia é quase o dobro da Venezuela, e os dois nunca se deram muito bem. Mas ninguém fala da corrida armamentista do Uribe, que, é bem verdade, é obrigado a gastar uma fortuna para combater grupos armados ligados ao nrcotráfico. O Chile também tem um PIB maior que o da Venezuela. Ou seja, se alguém está puxando para cima os gastos com armas no continente, esse alguém não é o Chávez, segundo informa a Veja (que, apesar disso, escreve um box alarmado com a corrida armamentista "provocada" pelo venezuelano).

Há outro quadrinho interessante, que classifica os países de acordo com a quantidade e qualidade dos equipamentos militares e o tamanho do contingente militar. Nesse ranking, a Venezuela vem em quarto lugar, um pouco acima da Colômbia e abaixo, bem abaixo, do Brasil, do Peru (!), do Chile e da Argentina. Chile e Peru, segundo o gráfico da Veja, vêm ganhando pontos, aumentando sua clasificação no ranking, enquanto o Brasil perde.

O efetivo militar de que dispõe Chávez é de menos da metade do disponível no Chile, e bem menor que o da Colômbia.

Interessante apuração, a da revista. Aguardo com ansiedade a reportagem de Veja sobre a absurda corrida armamentista provocada no continente pela chilena Michelle Bachelet.

Abrindo a boca contra o Evo


Para quem não entende a radicalidade do presidente da Bolívia, Evo Morales, recomendo conhecer o debate político boliviano. Hoje, um dos mairoes críticos de Morales é seu ex-ministro de Hidrocarbonetos, Andrès Soliz Rada, para quem o presidente boliviano é um frouxo com a Petrobras. Mas deixemos o Soliz falar, em espanhol mesmo, como escreve ele nos e-mails que me manda regularmente:


¿Hubo apoyo de Lula, Kirchner, Chávez y Castro a Alvaro García Linera y Evo Morales para llegar al gobierno, como afirma la Revista “Datos”, de La Paz, de agosto de 2007, según declaración atribuida al Vicepresidente de la República? ¿En qué consistió ese apoyo? El tema coincide con el inminente arribo a La Paz del Presidente brasileño, quien anunciará la reanudación de inversiones en Bolivia, a fin de atender las necesidades de gas de su país, de Argentina y del mercado boliviano. La visita servirá para que Petrobrás exija modificar la Ley 3058, de 17-05-05 (anterior al abrogado decreto de nacionalización del 1-05-06), de acuerdo a lo afirmado por su presidente Sergio Gabrieli, lo que haría que se retorne a las reglas petroleras de Gonzalo Sánchez de Lozada (GSL).

De modo simultáneo, Petrobrás (con 65 % de acciones en manos privadas) comunicó el descubrimiento de Campo Tupí, un yacimiento submarino frente a las costas de San Pablo, compartido en un 10 % con la portuguesa Galp Energía, y en un 25 % con la británica BG, con lo que sus reservas se ubicarán entre las primeras del mundo. Ahora me llaman “magnate del petróleo”, dijo Lula, para luego recordar que ya era conocido como el “rey del etanol”. Al mismo tiempo, Brasilia realizará ejercicios militares en su frontera con Bolivia, logrará el retorno de la constructora Queiroz Galvao, expulsada por estafa, en tanto Eike Batista, de la EBX, aseguró que en seis meses inaugurará su siderúrgica de Puerto Quijarro, pese a que fue expulsada por carecer de licencias ambientales.

Gabrieli reveló que reconocerá la participación adicional del 32 % que impuso la nacionalización sólo hasta octubre de 2006. Desde ese momento exigirá la devolución pertinente. Añadió que planteará la reanudación del envío de gas a Cuiabá, donde una enorme termoeléctrica brasileña está paralizada. Las auditorias que dispuso el decreto de nacionalización, que demostraron las estafas, evasiones impositivas y contrabando de Petrobrás, ya fueron archivadas, junto a la mencionada disposición legal.

En tanto Lula llega con todo su poderío, Bolivia está casi aniquilada. En momentos en que sólo una sólida cohesión interna podría contener la prepotencia de Brasil, que logró que Paraguay le deba 19.000 millones de dólares, después de recibir hidroelectricidad durante 30 años desde Itaipú, Evo y Alvaro imponen su visión de Bolivia país multinacional, por la que 36 “naciones” tendrán derecho a soberanía, territorio, autodeterminación y gobierno propio. A su vez, la oposición de derecha defiende las autonomías departamentales a ultranza, al extremo de exigir que cada departamento designe a su propio Canciller, según Alberto Goitia, de Poder Democrático y Social (PODEMOS), del ex Presidente Jorge Quiroga (2001-2002), además, claro está, del manejo autónomo de los recursos naturales.

Bolivia está atomizada por “ayudas” foráneas que su débil estructura no pudo asimilar. El desastre podría comenzar a detenerse si se supiera cuánto dinero de ONG provino del exterior. El MAS, de Evo Morales, podría informar si recibió donativos de Human Right Watch, de la Fundación Samuel Rubin y de Transnacional Institute de Holanda, así como de la vinculación que tuvo George Soros (socio de Apex Silver, en la descomunal explotación de plomo plata en “San Cristóbal”) con el Ministro de la Presidencia Juan Ramón Quintana, y del papel que cumplió su Ministro de Defensa, Walker San Miguel, como representante de Petrobrás.

El jesuita catalán, Xavier Albó, condecorado por acuerdo de PODEMOS y senadores del MAS, ligados a ONG, ha martillado por décadas sobre el tema de las “naciones” indígenas. Su ONG, CIPCA, tiene el respaldo del Vaticano. Otras operan con recursos de USAID, Bélgica, Inglaterra, Francia, España, el Banco Mundial, el BID y la CAF. La Corte Nacional Electoral exigió al MAS devolver financiamientos recibidos del Instituto Neerlandés para la Democracia Multipartidaria (Cartas del 9 y del 19–O8–02). Urge saber el detalle de lo distribuido en el país y el origen precisos de esos los recursos.

Por otra parte, los cheques venezolanos, destinados a alcaldías y militares, tampoco ayudan a fortalecer la autoestima de los bolivianos. En el otro bando, simpatizantes del “separatismo” han formado la Federación de Autonomistas de Sudamérica, fomentada por las petroleras. El Presidente Morales ha denunciado que Transredes (Enron-Shell) conspira contra su gobierno. Curiosamente, Transredes sigue trabajando en el país, tan tranquila como siempre. Advirtió, asimismo, que la ayuda de USAID sólo será bienvenida si es transparentada. ¿Por qué no cumplir esta exigencia con toda la “cooperación” internacional, incluida la de Holanda, sede de la Shell?

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A ameaça que vem do Norte



Multinacionais do grande país do Norte, beneficiadas pelo seu enorme mercado e sua competitividade ameaçam impor preços de bens de primeira necessidade... no Uruguai. O grande país do Norte é, claro, o Brasil, e as multinacionais, no caso, são os frigoríficos brasileiros, que andam conquistando o mundo com a voracidade de gaúcho barrado em churrasco. Quem fala do caso, hoje é o jornal uruguaio El Observador, AQUI.

Essa história toca em uma as fragilidades (outra) do mercosul, a falta de um acordo decente de proteção contra concorrência desleal, regras para um CADE regional. Seria o substituto necessário aos mecanismos de defesa comercial (anti-dumping, salvaguardas) dentro do bloco.
Mas quem quer discutir isso? Melhor esperar que as empresas multinacionais dos países do bloco (brasileiras, na maioria), comecem a sofrer sanções dos governos locais, para podermos todos reagir com os brados nacionalistas de enorme utilidade nas campanhas eleitorais no continente.

E, de brejo em brejo, o Mercosul vai virando vaca.

Já, na Argentina, a imprensa local mostra a inveja do desenvolvimento brasileiro, assunto que deu o que escrever na blogosfera, como bem comenta o Maurício Santoro, no imperdível Todos os Fogos, AQUI.
Uma amostra do que diz o Santoro, sempre excelente:
"No fim dos anos 1950 o PIB do Brasil era apenas levemente superior ao da Argentina. Hoje, é cerca de quatro vezes maior. O crescimento da economia brasileira foi acelerado e constante, enquanto a Argentina seguiu um ciclo instável de stop-and-go, muito motivado por suas repetidas crises políticas. Afinal, foram 6 golpes militares entre 1930 e 1976, fora diversas insurreições mal-sucedidadas, guerrilhas, a guerra das Malvinas e a quase-guerra com o Chile. Não há prosperidade que resista. Alguns falam do "milagre do sudesenvolvimento argentino" e a maioria trata com nostalgia da era de ouro do início do século XX, quando a renda per capita do país era mais alta do que a da Espanha ou a da Itália. O célebre economista sueco Gunnar Myrdal chegou a dizer que só existiam quatro tipos de países: desenvolvidos, em desenvolvimento, Japão e Argentina."

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O vai e vem de Evo


Esse blogue está muito andino, mas, como dizia um famoso filósofo e utopista fracassado, que fazer? O Orelana, velho companheiro de viagem e também filósofo, me manda um comentário por e-mail, que nos lembra da importância de outro polêmico mandatário andino, o Evo Morales, grande amigo da onça, digo, do Lula, que resolveu tirar a cana do brasileiro, de qualquer jeito:




Apóio. Desde que tb haja uma moratória na produção de coca. Afinal, tb concorre com a produção de alimentos. E ainda alimenta a produção da Coca Cola, símbolo do imperialismo, e o crime organizado em todo mundo."


Já eu sugiro que o Lula mande à ONU o Samuel Pinheiro Guimarães, para sugerir ao boliviano, quando ele começar a falar contra o etanol: "ora, Evo, por que no te callas?". É o que chamo de real politik.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Ainda Chávez, o futuro invasor da Guiana


Há um problema com a tese de que Chávez provoca uma corrida armamentista no continente. Aliás, dois problemas. O Brasil começou muito antes a armar-se, e tem Forças Armadas com melhor equipamento que os do venezuelano. E Chile, com o Brasil, superam a Venezuela em gastos militares.

Aos poucos, a inconsistência dessa acusação vai enfraquecendo o alarma da corrida armamentista, alimentado por militares brasileiros em lobby por mais verbas. E aí, inventaram a mais recente preocupação: uma possível invasão de Chávez na Guiana, país com o qual a Venezuela têm conflitos de terra. Se a Bolívia tivesse Exército dignio do nome, provavelmente estariam falando em uma iminente invasão boliviana no Chile, para recuperar o litoral perdido aos chilenos.

O Estadão, há alguns dias, mandou até correspondente _ o excelente Lourival Santanna, por sinal _ para cobrir uma escandalosa invasão de tropas venezuelanas na fronteira com a Guiana. O tema é quente na imprensa guianense, e, se não fosse por Chávez, ficaria restrita àquele país. Não consigo imaginar o estadão mandando correspondente para cobrir o conflito de fronteira entre Peru e Equador, resolvido anos atrás com a mediação do Brasil.

A tal invasão é um incidente típtico de fronteira, e da crônica policial: militares venezuelanos, ao se depararem com garimpeiros clandestinos, explodiram as balsas dos bandidos.
Na região amazônica, é difícil dizer em que lado da fronteira estavam uns e outros, mas não é improvável que os milicos de Chávez tenham mandado às favas a ,llinha de fronteira e perseguido os garimpeiros até onde puderam. Comparar isso a uma ameaça de Chávez à integridade territorial da Guiana pode ser até realismo fantástico, coisa a que a América Latina está acosumada. Mas não é jornalismo; confio no Lourival para esvaziar esse factóide.

O noticiário ( e o mundo político) anêmico de demonstrações bélicas realmente sérias de Chávez, agora se aferra à tese de que ele pode invadir a Guiana para tomar o território reclamado pela Venezuela, e, nesse caso, o Brasil seria desmoralizado, porque teria de tomar uma atitude. O curioso dessa tese é que ela é defendida pelos mesmos que criticam o ativismo regional do Itamaraty e defendem que o Brasil deveria se concentrar nos assuntos internos, priorizar relações com os países desenvolvidos, e esquecer para lá o terceiro mundo _ do qual a Guiana é membro nato.

Ora, e se Chávez invadir a Guiana?

Isso foi apontado hoje até como motivo para recusar o ingresso da Venezuela no Mercosul. Como membro do Mercosul, a Venezuela teria um compromisso internacional a mais para abster-se de incursões bélicas no continente (aliás, como signatário do acordo de Ushuaya no Mercosul, a Venezuela estaria obrigada a manter a democracia e seria excluída automáticamente se tentasse o contrário _ um golpe militar no paraguai já foi abortado graças a esse acordo).

Mas o que o Brasil fará se Chávez invade a Guiana? Ora, condenará veementemente a ação. Creio que nem o Samuel Pinheiro Guimarães ou o Marco Aurélio Garcia cogitariam coisa diferente. E, se a Venezuela pertencer ao Mercosul, terá ainda maior legitimidade e instãncias para pressionar Chávez a um recuo. Quem tem medo dessa improvavel hipótese deveria defender a entrada da Venezuela no bloco, não o contrário.

Não se apontam essas inconsistências, no noticiário sobre a Venezuela e a tal corrida armamentista. Uma pena. E não entendo como, se estão tão preocupados com os imensos recursos minerais do território guianense cobiçado por Chávez, certos jornalistas e políticos não se perguntam o que está fazendo a Petrobras que não procura a Guiana para explorar esse tesouro.

Morte na Bolívia

O Renato mantém um imperdível blogue, lá do Peru onde está assentado, que merece visita. É o Tordesilhas, que, por estes dias, fala das tradições do Dia dos Mortos, lá na Bolívia. AQUI.

Sempre que viajo, fico impressionado, como o renato, com as particulridades das culturas locais, desconhecidas por aqui, e com algumas matérias excelentes no noticário dos países que visito.

Sempre penso em reproduzir algo no blogue e sempre as complicações da volta atrapalham esses planos. Decidi, assim, proxenetar os blogues dos amigos, que fazem isso com mais competência. Em breve trarei links aqui para outros craques da blogosfera, como o capitão do Tordesilhas.

Chavez, o vilão da vez

Leio no Globo _ matéria reproduzida em outros jornais por aí _ que a Comissão Eleitoral da Venezuela proibiu debates entre partidários do sim e do não no plebiscito sobre a reforma constitucional da Venezuela .E que isso acontece exatamente quando a oposição (o não à reforma de Chávez) vinha conquistando apoio graças ao ótimo desempenho de seus partidários nos debates. Diz o jornal:

A presidente do CNE, Tibisay Lucena, disse que a campanha institucional feita pelo conselho para informar o eleitor sobre o referendo torna os debates “irrelevantes e superados.” “As campanhas que realizamos são suficientes”, insistiu. A decisão foi comemorada por governistas e deixou enfurecidos representantes do “não”, que vinham tendo um bom desempenho nos programas.

Notícia interessante, segundo me conta o correspondente deste blogue em Caracas. Interesante porque não houve proibição, mas inviabilidade dos debates, porque os defensores do sim se recusaram a participar (pode-se discutir a decisão do Conselho de impedir que as tvs promovessem programas com uma cadeira vazia, como se fez em alguns programas eleitorais no Brasil, mas isso é coisa diferente).

Mais interessante ainda, porém, é o jornal não explicar como a oposição vinha ganhando os debates, se, até agora, não aconteceu debate nenhum.

Chávez é autoritário, centralizador e intervencionista; não precisa que distorçam o noticiário para dar conta do papel que vem exercendo no continente _ e que, apesar da histeria reinante, até agora se limita a seu quintal venezuelano. Mas tem gente no Brasil que não se convenceu disso.

A campanha anti-Chávez não tem similar contra atos autoritários de outros governantes latino-americanos, nem comparação com a maneira como tratam ditadores de fato de outras regiões do globo (ou do estado, para ficar not rocadilho). O tales faria defende a tese de que a razão é a tentativa de fazer campanha subliminar contra o amigo brasileiro do mandatário de Caracas, ele, Luiz Inácio Lula da Silva. Já que não podem acusá-lo dos pecados de Chávez, reverberam cada movimento do venezuelano, para, implícitamente, acusar Lula de querer imitá-lo.

Com a precária autoridade de que já escreveu poucas e boas contra ações do Chávez, eu, às vezes tendo a achar que o Tales tem razão.