sexta-feira, 13 de junho de 2008

A ministra sem medo do que vem por aí


De surpresa, o presidente recém-eleito do Paraguai nomeou, para o ministério de Relações Exteriores, uma acadêmica, a historiadora e engenheira agrônoma Milda Rivarola. É essa senhora aí ao lado, de imponentes 1,80m, social-democrata, que assume com a tarefa de dar substãncia à briga de Fernando Lugo por mais dinheiro de Itaipu ao Paraguai. Já falou que usará seus talentos de historiadora para se contrapor às teses brasileiras contra mudar as tarifas de Itaipu.

Ela está sob observação da esquerda, que tem desconfianças das credenciais da nova ministra. A pressão sobre ela só contribui para obrigá-la a mostrar que não pretende aliviar nas conversas com o Brasil.

Segundo a prática dos governos de coalizão, ministérios que mexem com dinheiro foram para a mão dos conservadores, como o ministério da Agricultura, que ficou com um membro do centro-direitista Partido Liberal. Um sinal de que Lugo terá no gabinete gente bem situada para brecar arroubos desapropriatórios na reforma agrária que prometeu. Os brasilguaios devem estar mais esperançosos.
Interessantes mesmo foram as palavras da nova ministra, minutos depois de nomeada, para a rádio Primero de Marzo, segundo o Estadão:
"Eu nunca quis fazer parte do aparato estatal. Para os que vêm do mundo acadêmico ou do setor privado, tomar essa decisão é algo difícil. Mas não pude tirar o meu da reta em um momento tão emblemático para o Paraguai"

O grifo aí em cima é meu. Não encontrei a declaração nos sites em espanhol, mas, se o redator do Estadão foi fiel às palavras da ministra, a nova chanceler vem trazendo todo um novo colorido à linguagem diplomática do Cone Sul.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

A corrida dos que não foram

Era novembro do ano passado, e a histeria sobre a corrida armamentista detonada pela Venezuela chegava ao nível da epilepsia intelectual, com artigos tremelicantes lançando olhos para todas as direções, menos para os fatos. Eu escrevi AQUI que era uma balela essa história toda. Voltei depois ao assunto, lá no Sítio do Sérgio Leo. E volto agora, só para aproveitar o exemplo e recomendar aos leitores cuidado com a profusão de analistas de análise pronta que anda vicejando nesse campo das relações externas.

É da Venezuela, do El nacional, que vem o relato sobre uma pesquisa de um instituto independente da Suécia, sobre o aumento, real, dos gastos com armas no continente. O estudo despreza a tese de corrida armamentista, e dá outras razões para as compras de equipamento militar, entre elas a que se estabeleceu, após passada a histeria: as Forças Armadas, no continente, estão mal equipadas e cheias de trecos obsoletos. Mas deixa os suecos falarem:

"Las compras parecen haber sido motivadas fundamentalmente por los esfuerzos para reemplazar o modernizar el material, con el objetivo de mantener la capacidad existente, responder a amenazas predominantemente de seguridad interior, fortalecer vínculos con gobiernos proveedores, aumentar la capacidad de la industria nacional armamentista o fortalecer la imagen regional o internacional"

Sim, os suecos falam em espanhol, eu avisei que era matéria do El Nacional, da Venezuela. O resto, AQUI.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O novo chefe das FARC

"La designación de 'Cano' como comandante seguramente fue una decisión de 'Marulanda'. Así, en un primer momento, su autoridad y el acatamiento dentro de las Farc estarán basados en el hecho de haber sido ungido por el mítico líder. Y fue escogido por duro, no por blando. "

Esse é Alfredo Rangel Suarez, um lúcido analista da cena política colombiana, para quem é um engano pensar que a debilidade das Forças Armadas Revoluciobnárias da Colômbia vai levar a guerrilha a buscar maior negociação. Com a morte de Manuel Marulanda, o mítico líder das farc, seu sucessor não deixa de ser uma piada pronta, já que é fato que as FARC entraram pelo Cano, Alfonso Cano. Tido como mais político e negociador, Cano é um falcão, diz Rangel. Vêm aí sabotagem e terrorismo, prevê ele, AQUI.