Escrevi há duas semanas na coluna do Valor um artigo que poderia republicar hoje, no primeiro dia da cúpula do Mercosul:
Liderança, protagonismo e relevância são coisas distintas. Isso vale para o movimentado continente sul-americano, onde o protagonismo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez captura as atenções e as palavras golpe e constituinte fazem uma bizarra parceria nas análises públicas sobre os acontecimentos nos países andinos. À América do Sul não faltam protagonistas e países de relevância, inclusive mundial. A grande questão é se há espaço para uma liderança continental. E para quê.
O comando da política externa brasileira mostrou relevância com o convite ao Brasil à conferência de Annapolis, tentativa histórica do já enfraquecido governo dos EUA de arrancar um acordo de paz entre palestinos e israelenses. Só a incompreensão sobre o jogo político internacional ou espírito de deboche oposicionista pode levar, como levou, alguns comentaristas brasileiros a ironizar essa participação, com o argumento de que o Brasil não consegue a paz nem entre os vizinhos e vai se meter numa encrenca milenar.
O convite a Annapolis mostra que o Brasil, com seu atual governo, é visto como interlocutor confiável, racional, capaz de contribuições úteis para as questões mundiais - algo que traz conseqüências positivas, para empresas e cidadãos brasileiros no exterior. Mas não é pura implicância a piada sobre a ação brasileira na bagunça sul-americana e o prestígio conferido pelos EUA.
Elogiado na imprensa internacional, o Brasil parece um espectador atarantado e reativo das complicações à volta, resultantes da grande contradição entre fatores nacionais, de política interna, e a tendência à integração crescente das sociedades, economias e cultura da região. Os negócios descobriram as vantagens de atravessar as fronteiras sul-americanas, e a imigração move milhares de pessoas atrás de oportunidades. Ao mesmo tempo, contingentes excluídos historicamente apóiam governos que prometem eliminar em poucos anos desigualdades de séculos.
Em poucos dias haverá, em Montevidéu, a reunião de cúpula do Mercosul, e a indigência da pauta para os presidentes contrasta com o volume de problemas no processo de integração do bloco. Não havia, até a semana passada, nenhuma decisão marcante a ser tomada.
O resto, AQUI.
E um complemento, AQUI.
Existe o risco de que a única notícia boa para o Mercosul seja a decisão de fazer um acordo de livre comércio com Israel, como se previa. Mas não é o que pensam as ONGs, que estão em campanha acirrada contra o acordo. O manifesto das ONGs está AQUI.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
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Um comentário:
A alca pra mim é papo furado.O Brasil que lutou pela independência, agora quer ficar preso ao Estados Unidos da América,só os países do mercosul juntos não tem a metade da economia de um estado da potência que é os EUA.
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