sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Por que caiu? Caiu por que?

O Maringoni, chavista e rompido com o comandante, dá boas explicações sobre o porquê da rejeição, na Venezuela, das reformas constitucionais que permitiriam ao Chávez perpetuar-se no poder. Para mim, Chávez cometeu um erro primário em política, o de querer mexer com muita coisa ao mesmo tenmpo, e atacar interessas de toda ordem, que se uniram e o derrotaram. A começar pelos espectadores de telenovelas, que perderam a diversão com a retirada da concessão da RCTV, e ganharam, em troca, uma tv oficial das piores do gênero.
Fala-se pouco no Brasil das mudanças quwe Chávez queria fazer no sistema sindical, acabando com o poder de sindicalistas em favor das assembléias populares. Claro que sua reforma foi bombardeada pelos líderes sindicais. Entre outros, Chávez não faria melhor, se quisesse convocar uma rede de pessoas para meter o pau nas reformas, em milhares de reuniões pelo país. O caso que criou com a Igreja Católica é um exemplo disso. Mas deixa o Maringoni falar:

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As brigas que Chávez comprou, algumas delas bem difíceis, também contribuíram. Criticar a Igreja Católica, às vésperas do referendo, foi muito danoso à sua imagem; todos sabem que a Igreja venezuelana é golpista, conservadora, mas chamar os bispos na TV de “vagabundos” provoca sentimentos no povo que são complicados. Ele começou a brigar com aqueles que, toda semana, estão no púlpito falando diretamente com seus fiéis.

A não-renovação da RCTV - que embora em mérito Chávez tenha sido corretíssimo ao não permitir a continuação das transmissões pela emissora - foi uma decisão tomada de maneira pouco pedagógica para a população. O presidente tinha a prerrogativa legal para não renovar a concessão, mas não foi feito um grande debate nacional sobre a democratização das comunicações, não foi criado um método para tornar tal fato uma questão de formação política, que informasse à população o que é um monopólio, a razão pela qual não deveria ser renovada a concessão da RCTV e qual a razão pela qual a rede não poderia participar de um golpe de Estado e continuar impune.
Fazer isso por um decreto é incômodo – como explicar para a população que ela não terá mais a sua novela? Além disso, a emissora colocada no ar é de muito baixa qualidade, é uma emissora oficial no pior sentido da palavra.

Essas batalhas foram complicadas. No caso da discussão com o rei da Espanha, Chávez estava certo, então não foi um problema. Porém, a briga com o presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, veio em péssima hora; Chávez caiu em uma armadilha. De qualquer maneira, Uribe iria romper o diálogo com as FARCs, e o presidente venezuelano foi até condescendente demais ao levar a questão adiante. Uribe esperou para terminar o diálogo exatamente antes do referendo, procurando desgastar a imagem de Chávez.

Avaliações de colegas venezuelanos também dão conta de problemas internos do governo, de ineficiência de serviços públicos, questões administrativas. O fato é que essa derrota de Chávez não é o fim do mundo, mas sim um alerta. O presidente desfruta de uma popularidade igual a que tinha durante as últimas eleições, de algo em torno de 60%. O que aconteceu foi um desligamento dos setores moderados ou para o “não” ou para a abstenção.

Setores da intelectualidade que estavam com Chávez se abstiveram. Raúl Baduel, que faz parte de um setor chavista presente em várias situações nas quais o presidente precisou de apoio, resolveu puxar o freio de mão. É certo que havia divergências entre os dois, mas Baduel não é um opositor histórico, não é um golpista e não pode ser tratado como um traidor.

Há também um tratamento ruim dado pelo governo em relação ao movimento estudantil. O combate que se fez quando começaram as mobilizações foi falar que os estudantes eram “peões do império”; claro que havia manipulação, que havia estudantes filiados a partidos de direita, mas à massa que estava nas ruas não pode ser dado o mesmo tratamento que é dado aos dirigentes, pois têm um descontentamento difuso.
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Tem mais, AQUI.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ola sergio leo.
Gostaria de parabeniza-lo pelas excelentes analises de seus blogues. Sempre que posso dou uma bisbilhotada neles muito embora não comente por me sentir meio intimidado diante suas postagens brilhantes. Descobri seus blogues atraves de outro blog de um professor meu. Desde então os visito constantemente. Como estudante de relações internacionais sinto me no dever de lê-los regularmente.
Quanto ao chavez, não aguento mais ouvir essas ladainhas de sempre repetidas pela imprensa brasileira. Por mais que ele tenha um carater autoritário, não da para dizer que a venezuela vive uma ditadura.
Continue a produzir nos blogues.
Abraços.

José Elesbán disse...

Isto aqui parece um joguinho. Começa no Sítio, vem pra Ralint, e daqui manda pra sei lá onde... :b

Sergio Leo disse...

Obrigado Bernardo, e não se intimide: eu, você e seu professor sabemos bem que não são brilhantes assim. Deixe seus coment´rios, são o que valem nos meus blogues de comentaristas tão qualificados.
Deixa de ser preguiçoso, Zé. A vida é um jogo (-;

José Elesbán disse...

:))