segunda-feira, 26 de novembro de 2007

As armas de Chávez


Boa a reportagem de Veja, nesta semana, sobre o que querem os militares brasileiros. e um excelente repórter, o André Petry. Gosto da boa reportagem porque nos permite ver a raelidade para além das opiniões dos editores. Lendo os dados bem apurados do Petry, por exemplo, saí com forte impressão de que todo o discurso dos milicos sobre uma suposta corrida armamentista na Venezuela são lobby para comprar mais armas no Brasil.

Já ouvi, de general de quatro estrelas, que há um detalhe logístico importante e tranquilizador em relação a Chávez e à imaginada ameaça dele contra o Brasil. Em uma hora, um avião-caça na fronteira com o Brasil alcança Caracas, e pode fazer um bom estrago na capital venezuelana antes de ser intrerceptado. Em uma hora, um avião venezuelano que invada o Brasil chjega, no máximo, a Manaus. Onde está o aprque industrial da Zona Franca que, hoje, é um dos principais fornecediores de celulares e equipamentos domésticos à Venezuela.

Mas a matéria da Veja tem coisa bem mais interessante. Dois quadrinhos, feitos para dizer que o Brasil está ficando para trás em matéria de Forças Armadas, poderiam ilustrar de maneira subversiva o material da própria Veja sobre a Venezuela.

Eles mostram que em percentual do PIB gasto em despesas militares, a Venezuela está abaixo até dos brasileiros (que tem PIB muito maior), só acima da Argentina, numa lista de sete países sul-americanos. Derramam uma parcela maior de seu PIB em despesas militares o Equador (3,9%), o Chile (3,5%), a Colômbia (3,3%), a Bolívia (! 2,2%). O Brasil gasta 1,8% e a perigosa Venezuela, 1,7%.

O detalhe é que o PIB da Colômbia é quase o dobro da Venezuela, e os dois nunca se deram muito bem. Mas ninguém fala da corrida armamentista do Uribe, que, é bem verdade, é obrigado a gastar uma fortuna para combater grupos armados ligados ao nrcotráfico. O Chile também tem um PIB maior que o da Venezuela. Ou seja, se alguém está puxando para cima os gastos com armas no continente, esse alguém não é o Chávez, segundo informa a Veja (que, apesar disso, escreve um box alarmado com a corrida armamentista "provocada" pelo venezuelano).

Há outro quadrinho interessante, que classifica os países de acordo com a quantidade e qualidade dos equipamentos militares e o tamanho do contingente militar. Nesse ranking, a Venezuela vem em quarto lugar, um pouco acima da Colômbia e abaixo, bem abaixo, do Brasil, do Peru (!), do Chile e da Argentina. Chile e Peru, segundo o gráfico da Veja, vêm ganhando pontos, aumentando sua clasificação no ranking, enquanto o Brasil perde.

O efetivo militar de que dispõe Chávez é de menos da metade do disponível no Chile, e bem menor que o da Colômbia.

Interessante apuração, a da revista. Aguardo com ansiedade a reportagem de Veja sobre a absurda corrida armamentista provocada no continente pela chilena Michelle Bachelet.

2 comentários:

Anônimo disse...

A Colombia e o Peru ainda têm conflitos sérios de fronteira. O Chile tem a Bolívia para perturbar, e a Argentina para encher o saco, mas nenhuma ameaça séria.

Anônimo disse...

Sérgio, não vai falar da confusão na Bolívia e na Venezuela? Estou curioso!